quarta-feira, 27 de julho de 2011

1º Encontro - Figueira da Foz



Estávamos para aí no ano de 1977 (salvo erro, porque o PDI já não ajuda), quando o Smith se lembrou de convocar os disponíveis para o 1º Encontro dos Escuteiros do CCXI no exílio.
O lugar acordado foi a Figueira da Foz, e num Sábado para lá se dirigiram o Dinis, o Luís, o Oliva, o Pereira, o Quim (que veio de mota, como é visível na foto) e o Rogério. O Smith, como bom organizador que era, não apareceu! Tal facto viria a repetir-se mais algumas vezes em encontros futuros, em que ou não aparecia, ou se perdia e chegava tarde e a más horas! E, para começar em grande, assim aconteceu, pois era meia-noite quando fomos pela última vez à estação da CP da Figueira e do Smith nem sombra.
Com esta importante e inesperada baixa nos nossos efectivos, lá procurámos local para pernoitar, e o que nos pareceu melhor e mais prático foi em plena praia junto ao paredão, já na zona de Buarcos, onde então montámos a “barraquinha” (mais há frente explico o porquê do diminutivo) do Pereira.
Sendo a Figueira da Foz uma cidade com um Casino, deveria impor-se uma visita. Só que, devido às parcas possibilidades financeiras existentes na altura, desistimos da ideia e optámos por passar o tempo num dos primeiros jogos electrónicos de que há memória: aquele ecrã tipo televisor com uma rodinha de cada lado, que fazia movimentar um traço procurando acertar numa bola que ia e vinha ao longo do ecrã, simulando um jogo de ténis. Isto deve ter sido o precursor das PlayStations, e nós estivemos lá!
Do jantar de que já não recordo a ementa nem o local, sobrou-nos um enorme melão! Alguém terá dito que ele estava muito rijo e que teria de ser amaciado. Para isso, o Rogério, que era aluno de Agronomia, como tal com ligações ao “ramo”, sugeriu que se realizasse uma espécie de jogo de râguebi em que a bola seria o dito cujo. Assim, aí pelas quatro da manhã, em plena praia de Buarcos, foram avistados seis marmanjos aos trambolhões e a atirar com um melão à cara uns dos outros. Quando nos pareceu que a “bola” já estaria mais ou menos amolecida, lá serviu de sobremesa.
Como a madrugada já despontava, havia que passar pelas brasas, e lá fomos até à tal barraquinha do Pereira. E digo “barraquinha” porque era isso mesmo, só lá deveriam caber 2 pessoas e à rasca! E digo “deveriam” porque acabaram por lá entrar cinco! Só o Pereira, que devido a ser o dono da mesma (noblesse oblige) e por ser o mais avantajado de todos, teve de dormir ao relento dentro do saco-cama.
Mal ou bem lá se descansaram umas horitas, e quando a manhã do dia seguinte já ia adiantada e muitas pessoas circulavam pelo calçadão de Buarcos, deu-se a alvorada. E como a barraca estava mesmo encostada ao paredão, qual não foi o espanto de algumas pessoas quando viram o Pereira a “despir” o saco-cama e a ficar só em cuecas!
Depois de um banho nas águas geladas da Figueira, para despertar dos excessos e da noite mal dormida, preparámo-nos para a longa caminhada até à “terra” do Quim, onde era dia de festa na aldeia. O Quim, esperto, foi de mota a abrir e a indicar o percurso, e nós desgraçadinhos lá fomos atrás dele estrada fora (creio que ainda palmilhámos uns bons quilómetros), tendo chegado à povoação era já noite serrada.
Fomos agradavelmente surpreendidos pela recepção à nossa chegada, especialmente por parte de uma jovem muito simpática e “algo boa”, à qual começámos a fazer “olhinhos”. Sol de pouca dura, porque logo a seguir foi-nos apresentada pelo Quim como sendo a sua cunhada! Enfim! Anos mais tarde voltaria a encontrá-la em casa do Quim, em Faro, e só posso dizer que a impressão inicial que nos tinha ficado da sua simpatia se manteve. Ela é a simpatia em pessoa.
Mas a festa estava animada, e proporcionou-nos um resto de noite muito agradável, tendo-nos depois sido cedido um local para pernoitarmos. No dia seguinte seria o regresso às nossas casas, levando na bagagem o sentimento de que tínhamos iniciado e tornado possível o slogan de que “só as montanhas jamais de encontram”.
E foi mais ou menos assim, tirando alguns pormenores a acontecimentos que a memória já não alberga, que se passou o nosso primeiro encontro em terras de Portugal. Seria o precursor de muitos mais que ao longo dos anos se vêm realizando e que têm feito manter acesa a chama da amizade e da camaradagem dos “velhinhos” do CCXI, e que permitiram também o conhecimento e o contacto com as famílias que entretanto fomos criando.

quarta-feira, 13 de julho de 2011