terça-feira, 10 de julho de 2007

A MADRE FURTADO, OU COMO ENTREI PARA O ESCUTISMO

Corria para aí o ano de 1964, mais coisa menos coisa, que nisto das datas já se nota uma certa influência do PDI, concluída a minha Comunhão Solene, já não tinha de frequentar as aulas de catequese, pelo que depois da missa dominical não havia assim muito em que entreter o tempo. Por isso era ir assistir à missa com os meus pais e, acabada esta, e após os mais velhos da família Bastos, que normalmente se encontravam no adro da Sé, terem posto a conversa em dia, regressava-se a casa.
Eis senão quando, um certo Domingo após a dita missa, e quando já me preparava para zarpar para o Bairro do Benfica onde então morava, se acerca de mim uma madre muito pequenina saltitando no seu passo curtinho. E a conversa que se seguiu foi mais ou menos assim:

- Bom dia menino! Bom dia madre! Então o menino não vai à catequese? Não madre, já não tenho catequese porque acabei de fazer a Comunhão Solene. Então agora não tem nada que fazer depois da missa, pois não? Não senhora! E o menino não quer entrar para os Escuteiros? Oh madre, o que é isso dos Escuteiros, nunca ouvi falar! Então venha comigo que vai ver que fica a gostar! E nunca mais de lá saí!
E assim fui "agarrado"! Está-se mesmo a ver quem era a dita madre. A arregimentadora oficial de putos para o Escutismo, a MADRE FURTADO! E digo isto porque não foi só a mim que ela convenceu. Acho mesmo que a maior parte dos que entraram naquela altura e que viriam a formar a Patrulha Veado, foram "contratados" por ela. E mesmo os da primeira Patrulha, a Lobo.
Só que fomos de certa maneira induzidos em erro. É que pensávamos que se tinha acabado a "seca" da catequese, mas não havia Domingo nenhum em que, antes das reuniões de Patrulha, a madre Furtado não nos desse a nossa "horinha" de catecismo. Mas do mal o menos, sempre era preferível aturá-la a ela que ao Padre Geraldes e aos seus puxões de orelhas e carolos.
Mas agora e falando um pouco mais a sério, acho que o Agrupamento CCXI do Corpo Nacional de Escutas de Sá da Bandeira muito deve a esta Senhora, pois sem ela muitos de nós possivelmente teríamos passado ao lado desta magnífica vivência que foi e continua a ser a nossa passagem pelo Escutismo. Era a pessoa mais bondosa e afável que se possa imaginar e que aturava as nossas traquinices sempre com um sorriso nos lábios. Pena foi que depois de algum tempo, certamente devido aos seus afazeres como madre no Colégio Paula Frassinetti, nos tenha deixado e só os mais velhos se lembrem dela e tenham tido este contacto magnífico com esta excelente Senhora.
Aqui lhe deixo um BRAVO, BRAVÍSSIMO!
Infelizmente não possuo nenhuma foto em que ela esteja presente, para poder colocá-la aqui. Daqui apelo ao Ch. Ribeiro e ao Barradas, os nossos mais "velhinhos", para que, caso possuam alguma, a façam chegar ao nosso blog, pois sendo função deste a edição das nossas memórias, acho que seria de inteira justiça que a Madre Furtado aqui estivesse presente.

1 comentário:

Teixeira Homem disse...

Aqui é que se vê como as pessoas mudam com o tempo.
Nessa altura tinhas uma cara de rapaz ajuizado...