segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O ELEFANTE E O RINOCERONTE



Voltando à “antena”, vou hoje relatar um acontecimento que se passou na Reserva do Bikuar.
Embora seja um assunto que não esteja 100 % relacionado com o nosso Agrupamento, resolvi contá-lo porque a sua parte inicial aconteceu durante uma actividade nossa naquele parque.
Já não sei se foi durante algum acampamento ou uma simples visita que ali realizámos, mas penso que foi durante um bivaque de fim-de-semana que presenciámos esta cena: Tratou-se da recepção no Parque a um elefante bebé que, ou por se ter perdido ou por ter sido abandonado pela manada, foi aprisionado pelos guardas do Parque e trazido para as instalações do mesmo, onde havia alguns animais em cativeiro. Como não havia nenhum espaço disponível naquela altura, resolveram colocá-lo numa cerca onde se encontrava um rinoceronte já adulto. E presenciámos então as tentativas frustradas do elefante a tentar estabelecer relação com o dito rino. Só que este não estava para aí virado e de cada vez que o elefante se tentava aproximar, fugia para o canto mais afastado da cerca, não permitindo quaisquer veleidades de confraternização. E quando viemos embora esta situação ainda se mantinha.



Tempos mais tarde, estando eu a estudar em Nova Lisboa, e participando numa visita de estudo ao referido Parque do Bikuar, verifiquei que a cerca onde tínhamos presenciado a cena do elefante e do rinoceronte se encontrava vazia. Então abordei um guarda do parque e referindo-lhe a situação a que tinha assistido, perguntei-lhe o que tinha acontecido aos dois animais. E aqui está a beleza e ao mesmo tempo a tragédia da história: Embora inicialmente a relação entre os dois não tenha sido fácil, com o passar do tempo estabeleceu-se entre os dois uma forte relação de amizade e companheirismo, tornando-se os dois animais inseparáveis. Só que em determinada altura entenderam os guardas que era altura de devolver o elefante a uma manada, e soltaram-no. Não estavam era à espera que o rinoceronte, cheio de saudades do seu companheiro de cativeiro, resolvesse ir à sua procura. Conseguiu rebentar com a cerca e foi à procura do seu amigo, encontrando-o junto da sua nova família (manada). Só que esta não aceitou a presença do rinoceronte, que teimava em seguir a manada, e acabou por matá-lo.
Um fim triste para uma bela história de amizade entre dois seres que pouco tinham em comum, mas que se habituaram de tal maneira a uma vivência em comum, que já não conseguiam passar um sem o outro. Sem dúvida um belo exemplo de relacionamento entre dois animais irracionais que poderia servir de exemplo para muitos animais “racionais”.

1 comentário:

Jose Guerra disse...

ESPECTACULAR! Não só pelo conteúdo em si, mas pelo lado simbólico que tão bem se integra no tema de fundo deste blog.

Oh! Sousa
Lembras-te de um rinoceronte que foi encaixotado na oficina do teu pai?
Foi assim que fez a viagem para o Zoológico.
Os visitantes eram tantos que me lembro de ter feito passar, pelo interior da minha casa, um deles: o prof. de Matemática que havia de ajudar a Julinha a reprovar-me no exame do então 2º ano do liceu!